sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Um Natal mais leve

Na sexta feira passada, tive a oportunidade de assistir a um auto de Natal. Jamais me interessaria em assistir, mas estava a trabalho e não teve jeito. Ainda bem. Foi uma das coisas mais bonitas que já assisti. Quem apresentou foi um grupo de contadores de estória chamado Céu na Terra e o objetivo do trabalho deles é apresentar às crianças ( e adultos também ) outras formas de comemorar o Natal . No fim do espetáculo, conversando com o cara do grupo, soube que ele está fazendo doutorado em Cultura Popular Brasileira e suas pesquisas estão sendo feitas no interior de Minas e de algumas cidades do nordeste.E ele foi contando como nesses lugares não existe essa coisa de neve, papai Noel, árvore com neve , peru, etc .... o grande lance nessas cidades é o presépio com bonecos simples e não raro feitos por eles, e também os Reis Magos. Fiquei encantada.Não rolam as frenéticas e obrigatórias trocas de presentes, corridas ao shopping, enfim... O que rola é muita fé, orações por um ser iluminado que nasceu entre pobres e muito valor às figuras nobres que foram visitá-lo. Assim lá o que rola são os reisados, a missa do galo ou uma oração em família.Perguntei a ele se ele achava que isso ainda ia durar muito, mesmo com a globalização e com a Internet. Ninguém sabe. Mas fiquei com uma sensação de incômodo que não sabia definir.Ontem, também em função do trabalho, assisti uma apresentação de teatro de bonecos na qual um boneco explora o mundo, vive a vida sem perceber, no entanto que é manipulado, que seus atos são frutos de movimentos que não são tão seus...Aí as coisas fecharam na minha cabeça. O incômodo ficou transparente e agora vejo, como não me dei conta disso antes.Decidi que não vou mais comprar presentes de Natal pra ninguém e se alguém deixar de gostar de mim por causa disto, paciência. Não vou entrar nessa manipulação comercial que nos faz sair freneticamente em busca de uma lista de presentes para não esquecer ninguém.Enfim tô muito mais leve. No fundo o Natal sempre foi uma data incômoda na minha vida e hoje vejo que é por isso. Tô fora. Não sou obrigada a fazer o que todo mundo faz como todo mundo faz e isso é tão óbvio que custo em acreditar que vivia sem sacar isso. Mas nunca é tarde. E só lamento não ter um filho para poder ensiná-lo sobre essas coisas e mostrar para todo mundo que quem tem filho também não é obrigado a isso, e que é uma ótima época para ensinar sobre dinheiro, consumo, desperdício e sobretudo hipocrisia .Bem mais leve , bem mais feliz por ter me libertado de tudo isso .

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